Transtorno do Espectro Autista aparece na nova versão de manual (CID-11) da Organização Mundial de Saúde

Transtorno do Espectro Autista aparece na nova versão de manual (CID-11) da Organização Mundial de Saúde

A Organização Mundial de Saúde acaba de lançar (18 de junho de 2018) a nova versão do Manual Internacional de Doenças (CID-11) e, pela primeira vez, o conceito de Transtorno do Espectro Autista (TEA) apareceu no manual.

Seguindo uma tendência atual, já que a Associação de Psiquiatria Americana passou a conceituar o diagnóstico de autismo como espectro desde 2013 (DSM-V), a OMS passou a enquadrar o Transtorno do Espectro Autista como um diagnóstico único, substituindo outras nomenclaturas como o atual F.84 Autismo Infantil, presente no CID-10. Até então, havia várias categorias usadas para pessoas dentro do espectro autista. Levando em consideração que o CID-10 é o manual oficial no Brasil, estas diferentes categorias representavam barreiras para o acesso a serviços de apoio e a oferta de suporte com base em subgrupos. Isto significava na pratica que alguém com autismo de “alto funcionamento” poderia ver negado um necessário apoio na residência devido ao seu rótulo, ou alguém com autismo de “baixo funcionamento” pode ser considerado inapto para atividades de que é perfeitamente capaz.

Essencialmente, todas as pessoas nos grupos acima fazem parte do espectro autista e a generalização de grupos específicos dentro do espectro é contraproducente. A avaliação da personalidade e das necessidades de uma pessoa no espectro deve ser olhada de forma individual, em vez de basear-se em um rótulo como as subcategoria.

Agora, no CID-11, o TEA estará dentro dos distúrbios do neurodesenvolvimento, que são conceituados como:

“distúrbios comportamentais e cognitivos que surgem durante o período de desenvolvimento que envolvem dificuldades significativas na aquisição e execução de funções intelectuais, motoras ou sociais específicas. Embora déficits comportamentais e cognitivos estejam presentes em muitos transtornos mentais e comportamentais que podem surgir durante o período de desenvolvimento (por exemplo, esquizofrenia, transtorno bipolar), apenas os transtornos cujas características centrais são o neurodesenvolvimento estão incluídos nesse grupo. A etiologia presuntiva de distúrbios do neurodesenvolvimento é complexa e, em muitos casos individuais, é desconhecida.”

Por sua vez o “Transtorno do Espectro do Autismo” é conceituado como sendo:

” caracterizado por déficits persistentes na capacidade de iniciar e sustentar a interação social recíproca e a comunicação social, e por uma série de padrões de comportamento e interesses restritos, repetitivos e inflexíveis. O início do distúrbio ocorre durante o período de desenvolvimento, tipicamente na primeira infância, mas os sintomas podem não se manifestar totalmente até mais tarde, quando as demandas sociais excedem as capacidades limitadas. Os déficits são suficientemente severos para causar prejuízo nas áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais, ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento e são geralmente uma característica penetrante do funcionamento do indivíduo observável em todos os contextos, embora possam variar de acordo com aspectos sociais, educacionais ou outros. contexto.

Indivíduos ao longo do espectro exibem uma gama completa de habilidades intelectuais e de linguagem.”

Outro transtorno que aparece pela primeira vez no manual é o Transtorno do déficit de Atenção e Hiperatividade, que até então era conceituado como Transtorno Hipercinético.

Cabe agora, aguardar a versão em português!

Leia a nova versão em: http://www.who.int/classifications/icd/en/

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